quinta-feira, outubro 05, 2006

Parece-me que agora em QUALQUER rua de nossa cidade há um chinesinho puxando um carrinho desses dobráveis de aeroporto com uma malona ou um caixote de papelão enorme em cima. O que tem dentro? Muamba, é claro. Aquela tralha sem valor que a gente ainda associa com tudo o que vem da China. Sabemos que agora eles produzem coisas sofisticadíssimas, como produtos eletrônicos de precisão e de engenharia complexa, mas acho que ainda é lugar-comum aquela imagem do chinesinho vendendo quinquilharia. O estereótipo inclui uma dose de velhacaria para fazer negócios - o que é um preconceito, admito, mas que parece (que Deus me perdoe se eu estiver enganado) que eles não fazem muita força pra dissipar. Nas duas vezes em que estive naquele país me trataram como se eu fosse um saco de dinheiro ambulante, e sem cérebro. É insultante ver como te tentam passar a perna o tempo todo. Mas pensando bem isso não é diferente na Itália ou Espanha, ou mesmo aqui no Nordeste quando percebem que a gente é paulista.
Uma vez quase comprei duas cadeiras lá (não me perguntem onde eu estava com a cabeça), e o chinês me garantia que entregariam aqui no porto de Santos sem problema algum. Num lampejo de bom-senso desisti do negócio na última hora, o que despertou a fúria do sujeito. Nunca vi nada igual; ele me seguia pela rua insistindo pra eu comprar as cadeiras, e ao mesmo tempo ma XINGAVA de tudo quanto era nome. Entrei correndo na minha van e ele entrou atrás. Sentou lá dentro comigo, pensei que eu fosse tomar um golpe de kung-fu. Em outra ocasião comprei uma "antigüidade" que, ao dobrar a esquina, vi sendo feita aos montes por um monte de gente sentada em caixotes num beco. Depois não é pra ter preconceito.

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