Nestes tempos de violência indizível, como o episódio com a criança e o carro no Rio de Janeiro, o horror estilizado e sofisticado de produções como esta é até um refúgio.
Aliás horror é uma palavra inadequada aqui; trata-se de uma série de suspense, e bem palatável a meu ver. David Lynch, como todo gênio que se preza, oscila entre o louco varrido e o brilhante - como aqui. Tenho uma admiração imorredoura por esta série, que não envelhece ou perde o charme. A gente quando assiste sente o friozinho do clima da montanha, e o desconforto dos personagens que pressentem que algo mau os ronda.
É uma linha tênue esta, que separa, num filme, o friozinho na barriga da violência ou da escatologia deslavadas. E tão facilmente é cruzada, por diretores com mão de onça - principalmente os norte-americanos.
Lembro-me agora de um filme francês de 2001, espetacular, que tem um dos melhores ritmos de suspense de que me lembro. Ele é até gráfico na violência algumas vezes, mas não compromete. É O Pacto dos Lobos, ou Le Pacte des Loups. Corram para a videolocadora e assistam. E agradeçam-me depois.
Mesmo sabendo que matou Laura Palmer (a Odete Roitmann deles), não vejo a hora de ter em mãos os DVDs dessa temporada. Que só serão lançados (nos EUA) em 3 de abril, mind you.
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