terça-feira, junho 19, 2007

Nunca ganho nada. Aliás uma vez ganhei um bolo de fubá numa quermesse, mas faz muito tempo. Antes de vocês nascerem. E uma vez achei uma pulseira de ouro no laboratório de anatomia, no primeiro ano da faculdade - ainda que, vá lá, isso não seja algo propriamente ganho. Foi numa sala de aulas práticas: era toda revestida de azulejos brancos, com tanques de alvenaria também revestidos, cheios de formol e partes humanas imersas. Pois tinha aquele objeto reluzente no chão, símbolo de beleza e adorno, no meio daquela decadência toda.
Cheio de amor e espírito cívico no coração, ainda fui ao centro acadêmico e ao setor de manutenção/achados e perdidos do Instituto de Biologia deixar anunciado que achara a peça, mas ninguém veio reclamar.
Também "ganhei" alguns opcionais em meu último automóvel. Se ganhei algo na verdade, foi no grito, porque esperei um tempão para o carro chegar, e quando veio tinha retrovisor escamoteável, limpador que funciona sozinho na chuva, farol que acende sozinho no escuro e o escambau. Tiveram a pachorra de dizer que eu teria que pagar mais por aquilo tudo ou sairia a pé de lá. Dei um escândalo, saí com o carro e não gastei um centavo a mais.
Pois hoje ganhei uma saladeira de plástico no supermercado. É uma tigela verde-limão horrenda, o artefato mais feio que o gênero humano já manufaturou em plástico. Mas ganhei, não interessa.
Penso em pô-la em lugar de destaque junto com toda a prataria francesa do século XVIII.

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