terça-feira, abril 29, 2008

Hoje conheci uma figura no posto de gasolina aqui no arraial. É o Zé do Cleto, dono do bar de mesmo nome, que fica perto de casa. Vai vendo: ele foi notícia há poucos anos na cidade quando um açude clandestino de uma fazenda da região se rompeu e causou uma tromba d'água que foi descendo a serra e levando tudo. Acontece que o bar do Zé do Cleto fica à beira de uma pequena cachoeira, cujas águas vêm da vazão do açude. Fica numa pequena várzea, e tem mesas e cadeiras sobre o gramado (é bem famoso por aqui, aliás). Com a inundação, o Zé - que tem os miolos fritos há muito tempo por substâncias diversas, dizem - saiu nadando, tentando salvar suas coisas e quase sumiu sob as águas.
Pois hoje dei de cara com ele: acabado como o Keith Richards, com um chapeuzinho cata-ovo e um cachorro tão acabado quanto ele dormindo dentro do carro imundo, e dando oi pra todo mundo no posto, como se fôssemos todos velhos conhecidos - aquela familiaridade com todos que os loucos mansos costumam exibir.
Começou a conversar alto com uma mulher, dando risada e dizendo que ela prometeu ir lá comer camarão e não foi.
Nunca tivemos fama de ter bons frutos do mar em minha cidade, o que não é de estranhar em um lugar que fica a 300 km da água salgada. Aliás, domingo comi escondidinho de siri num outro (bom) restaurante e vi a avó pela greta no dia seguinte. Pois imaginem comer camarão pelas mãos do Zé. Quem for lá, me conte.

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