Já vivi o suficiente pra passar de deslumbrado a xenófobo. Não me culpo tanto, porque quando eu era criança pequena lá em Barbacena, éramos um tanto privados, e portanto sedentos de notícias, convívio ou qualquer migalha que nos viesse dos irmãos do norte. Achávamos tudo lindo, e adorávamos ouvir (e, glória total, participar) de uma conversa na língua ingresa. A coisa foi mudando - na vida tudo passa, até uva passa - e enjoei dessa subserviência toda.
Pois hoje sentei ao lado de um europeu numa festa no Piola. O coitado parecia muito simpático, mas aquilo estava me dando nos nervos. Que espécie de pessoa vem a outro país, senta numa pizzaria e desanda a falar em inglês com os convivas como se fosse a coisa mais natural do mundo?
Pra falar a verdade, acho que qualquer pessoa hoje faria isso. Eu, inclusive, se estivesse na pele dele. Ele não deve ter tido tempo de aprender a falar a última flor do Lácio, inculta e bela, a um tempo esplendor e sepultura. E nem era o caso de aprendê-la, suponho, pois deve se tratar de um funcionário de uma multinacional de telecom (como a maioria dos presentes à mesa) durante um "assignment" aqui.
Mas pra mim já deu o que tinha que dar; hoje não me esforço mais pra estabelecer uma comunicação com estrangeiros em outra língua se não for caso de vida ou morte. Prefiro responder a tudo com um sonoro "Quêêê???" em bom português mesmo.
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