quinta-feira, novembro 27, 2008

Não dá, viu... fui fazer um risoto de laranja de acordo com as instruções da caixa, e ficou com gosto da compota da minha avó. Patricia, humildemente reduzo-me à minha insignificância e deixo o métier para quem pode. E sabe.
Ei, vocês se lembram do Paulo Francis? Aquele jornalista metido e misantropo que morreu há alguns anos (de infarto, logo depois que a Petrobrás lhe tacou uma ação judicial por calúnia, ou danos morais, ou algo assim), e que deixou como herdeiro espiritual o intragável Diogo Mainardi? Ele não achava graça em nada, e só tinha prazer em coisas que fazia questão de mostrar que estavam acima da experiência de reles mortais como nós.
Sempre achei isso triste; há algum tempo descobri que saber um pouco mais do que a maioria sobre qualquer coisa - ser mais ilustrado, enfim, por obra e graça de minha memória elefantina - não me põe acima de ninguém. E sempre me policio pra não parecer pedante. Porque não há nada mais mesquinho do que isso: do que falar, escrever ou comportar-se como alguém que sabe mais do que quem está à sua volta.
Dito isto, tenho que confessar que não acho graça no que a maioria das pessoas acha engraçado. Mas desconfio que isto se deva menos a qualquer superioridade intelectual do que ao meu mau humor crônico. DETESTO os programas matinais de trotes e imitações, por exemplo. Sabem do que gosto? Da Mundial FM, com seu show ininterrupto de tolices metafísicas.
Fico mesmerizado pelas promessas do nirvana aqui e agora oferecidas pelos nove clãs dos ciganos encantados, pelo ritual da chama verde ou pelo óleo da Amazônia, que pode-se (ei, tem hífen aqui?) até comprar on-line pelo site da Consciência Cósmica. Mas o ápice, a glória total foi desbragadamante revelada ontem, quando fiquei sabendo que posso experimentar a qualquer momento como era a vida de Parsifal, que teria sido nada mais, nada menos, do que um dos cavaleiros da Távola Redonda! O fulano que vende o curso recheia o discurso de termos abstratos que desgraçadamente não consigo repetir agora, mas que são impagáveis. Recomendo a todos.

Um comentário:

Patricia Scarpin disse...

Risoto de laranja nunca fiz ou provei. E fiquei curiosa agora. Mas se ficou com gosto de compota, :(

Outro dia mesmo estava pensando em como esses programas de trotes são ridículos e como alguém pode achar graça nisso. Abomino. Tem alguns em que a pessoa a ser caçoada tem de ser indicada por algum amigo ou parente. Te juro, se fizerem isso comigo nunca mais olho na cara do infeliz.

Do Paulo Francis, só me lembro da voz irritante e da barriga enorme.