Tem gente que quando erra, erra esplendorosamente. Seus erros podem ser maiores do que seus famosos acertos. Estou vindo da pizzaria Bráz, que como todos sabem, tem a melhor pizza, etc. Acontece que tem uma entrada nova (pelo menos pra mim) lá que tive o infortúnio de pedir, e que chama-se língua de sogra, ou olho de sogra. Tem, entre outras coisas, cogumelos em conserva salgadíssimos e cheíssimos de alho. É INDESCULPÁVEL, ULTRAJANTE encher o que quer que seja de alho, sob a desculpa de que é moderno ou mediterrâneo. Alho é uma coisa fortíssima, que nivela (por baixo) o gosto de tudo. Deixa um bafo horrível na boca, além de causar aquele outro problema inconfessável também causado pelo grão-de-bico. Destestei aquela porcaria, e no ímpeto de por outra coisa na boca pra tirar o gosto, peguei algo com SARDELA, que o próprio diabo poderia ter posto na Terra para nos atormentar. Não tenho nem palavras.

Hoje atendi um fulano de uniforme cáqui e algemas no HC. Ainda olho com uma curiosidade meio infantil para eles, como se fossem personagens de um filme. Estão, via de regra (como hoje), acompanhados de policiais com coletes à prova de balas, o que me leva instantaneamente a pensar que tipo de risco nós, médicos, corremos nessas horas. Há relatos sem conta de resgates de presos em hospitais, e garanto que se houvesse isso hoje nenhum dos guardas de colete pularia na minha frente pra me defender de uma bala. O residente que foi tirar os pontos da cirurgia em seu olho ficou de bate-papo com o fulano, enquanto eu me remexia na cadeira esperando aquilo acabar logo. Ainda trocaram umas risadas, acreditem ou não.