sexta-feira, janeiro 02, 2009


Reforma ortográfica. Vamos ver a que veio. Minha maior dor de cabeça na escola, o uso do hífen, pouco mudou. Fiquei surpreso ao ler entrevistas com gramáticos, nos últimos dias, que reconhecem que este é o capítulo negro da história toda, e que quase ninguém - nem eles - sabe usar essa coisinha direito.
Todos sabem que o brasileiro médio não passou do uga-uga, e que essas firulas não o alcançarão, então deixa pra lá. Aliás não deixa pra lá, vamos conversar: pra isso é que serve este blog, não é mesmo? Pois ontem assisti a uma entrevista com o escritor catarinense Cristóvão Tozza, autor de "O Filho Eterno". Tive aquele encantamento que senti ao ouvir a Adélia Prado, e a Aspásia Camargo, em outras oportunidades. Na ocasião achava que estava apaixonado pelos assuntos de que essas pessoas tratavam, mas na verdade estava apaixonado pela língua. Cada palavra é como uma jóia, uma pérola que sai da boca dessas pessoas, carregada de acurácia e, vá lá, até de poesia. E ontem foi a mesma coisa. Por outro lado, o UOL, ao noticiar que um quadro de Picasso (o horror que ilustra o post) foi roubado em Berlim, disse que o produto do roubo vale "US$250,000". Lembro-me de uma ocasião, durante o processo de privatizações do governo FHC, em que uma empresa perdeu o que seria o lance ganhador da posse de uma estatal por usar essa representação gráfica dos valores, adotada pelos norte-americanos. Nossa macaquice endêmica nos cega para nossa própria língua, e não sabemos usá-la nem pra coisas do dia-a-dia como o preço das coisas. Que dirá pra algo um pouco mais elevado como tremas e acentos diferenciais.

Nenhum comentário: