Hoje é dia, além da independência de nossa amada Pátria, do Tigre da Tasmânia - lá na Austrália. O bicho está extinto, aliás, e há alguns anos mudou-se a comemoração para o "Dia das Espécies Ameaçadas".
Ontem vi, no HC, uma senhora sentada com uma menina no colo, aguardando por uma consulta em nosso ambulatório. Ambas estavam razoavelmente mal vestidas e desgrenhadas, o que dá um indício sobre sua situação socio-econômica. A menina já era grandinha, devia ter uns 10 ou 12 anos. Tinha um aspecto bem característico - a posição dos membros, o rosto, formato do crânio, etc, dos portadores de retardo mental. Acontece que tinha as mãos amarradas nas costas com um pano. A senhora dava calmamente um iogurte para a menina, levando uma colher à sua boca.
Facílimo olhar para algo - mesmo de relance, como essa cena de ontem, e fazer um juízo. Pensar que a mãe é cruel, ou relapsa, e que está judiando da filha. Na verdade, só ela deve saber do tamanho do fardo que carrega, com o agravante de sua condição social, e como levar a vida adiante com ele. A nós, a nossa ocupação habitual: julgar. Ajudar, muito pouco.