quinta-feira, março 15, 2007

Ainda sou pobre, mas hoje trabalho numa clínica bem legal num bairro bacana daqui da cidade. Pois hoje fui a uma farmácia no centro, que fica ao lado de meu antigo consultório - numa casa velha, numa avenida movimentada e um tanto suja, e hoje com o entorno bem degradado.
Aproveitei para comer algo na padaria da rua de trás, pra matar a saudade, e foi muito bom. O Toninho, o "chapeiro", ainda está lá, e me reconheceu. Ele ainda tem os pterígios enormes em ambos os olhos (aquela "pelinha" vermelha que cresce sobre a córnea), e continua sempre fazendo piada. A morena do caixa, que fez uma plástica de rosto (ainda jovem) e não consegue mais fechar o direito, também está firme lá, com seu mau humor que já é lenda. E também estão tristemente intocados na parede alguns avisos daquela época (há mais de 4 anos): "LEITE DE CABRA - 4,00", e a tabela do campeonato paulista.
Estão lá os homens suarentos que cruzam a cidade com suas valises pretas, e param pra tomar uma cerveja. Ficam em pé num canto do balcão, e vão falando progressivamente mais alto à medida que aumenta a ingestão de álcool.
Quando era pequeno eu os via, onde quer que os encontrasse, com certo temor, imaginando como seria terrível o mundo dos adultos, em que se bebe aquela coisa inacreditavelmente amarga, anda-se com aquelas roupas que colam no corpo com o calor, e fala-se alto daquela maneira.
Eu às vezes pensava: será que vou ter que vestir isso? Suar tanto? Falar daqueles assuntos que não têm graça nenhuma, e ter que rir tão alto? Mal sabia que teria (alguma) liberdade pra escolher meu jeito, e que já adulto eu passaria por uma padaria daquelas e seria capaz de olhar para a cena sem temor algum, e prestando até atenção pra poder escrever aqui depois.
"O muuundoo dá voooltaaaaaas", como diz o CPM 22...

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