sábado, abril 14, 2007

Uau, quarta-feira passada eu assisti a um bate-boca de dois peixes grandes numa reunião. Dois antigos aliados profissionais e do ambiente acadêmico, que os interesses (leia-se grana) puseram em lados opostos.
É mais ou menos assim: o mais novo, um médico brilhante que estava sendo preparado para ser o chefe quando este se aposentasse, teve seu tapete devidamente puxado há uns bons meses, num lento processo de cozimento imposto pela mesquinharia do chefe.
Este mais novo tem a seu lado, pela avaliação de todos, a conduta reta durante todo o affair, e durante a reunião ele também tinha as informações corretas sobre o fato (administrativo) em questão. Como ele já perdeu a "bênção" do chefe para a corrida sucessória (e o seu apoio em todos os projetos acadêmicos que vier a desenvolver), ele não teve papas na língua pra falar uma verdade ou duas pra quem quisesse escutar.
O chefe, que está vivendo seu ocaso político, está se isolando no alto de sua arrogância, e talvez por não sentir que teria a platéia a seu lado durante aquela bravata, recolheu-se e apenas tentou contra-argumentar timidamente durante alguns minutos, após começar falando um pouco mais incisivamente também.
Foi assustador ver uma demonstração tão clara de que uma aliança tão sólida - solidíssima - tinha desmoronado tão fragorosamente.
Conhecendo-o bem como o conhecemos, sabemos que um golpe qualquer - e bem duro - deve estar a caminho de seu antigo protegido - que também já deve estar esperando por isso.
Como vêem, sinto-me cada vez mais motivado pra continuar trabalhando naquele serpentário.
Em contrapartida, tive um dia muito bom hoje em companhia de um bom amigo e sua noiva. Como podem ser boas estas amizades da idade adulta: livres de interesses secundários, como às vezes ocorre nas amizades da idade escolar (o desejo de sermos aceitos por algum grupo, ou de participarmos das vantagens materiais de alguém mais afortunado), acho que temos amizades mais livres. Já passamos um pouco da idade de tentar corrigir ou moldar o outro; agora o aceitamos como ele(ela) é. Gostamos dele e pronto. Não precisamos esperar conseguir nada com isto: provavelmente as duas partes já têm suas vidas suficientemente estruturadas pra não nos sentirmos tão tentados a obter favores com a amizade.
Sobram a afinidade, o respeito pelo espaço do outro, a comunhão - todas estas palavras bonitas, que no final significam que é bom nos encontrarmos pra dar risada junto.

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