O negócio é o seguinte: a melhor música pop/contemporânea que se faz hoje é gerada por quem faz música eletrônica, da vertente "industrial", como é costumeiramente chamada. Por gente como Cabaret Voltaire, Coil, Skinny Puppy, Test Department, entre outros (ainda que os grupos mencionados tenham todos se desfeito há não muito tempo). São incríveis, sublimes - vocês podem usar os adjetivos que quiserem. Influenciaram gente mais famosa como Air, New Order, Chemical Brothers and such, que acabaram por diluir um pouco sua arrogância e vitalidade, e tornar a música um pouco mais palatável para o grande público.

Como nem tudo é perfeito, os vídeos produzidos por esses gênios são, via de regra, irritantemente amadores - compartilhando da "virtude" de Glauber Rocha, para quem bastam "uma idéia na cabeça e uma câmera na mão". Não vou me estender aqui falando mal do Glauber Rocha, porque nunca tive paciência para engolir nada dele, mas fico imaginando o quanto um pouco de aulas sobre produção de vídeo e cinema faria por essa gente.

Não esperaria que o Cabaret Voltaire, que ocupa o centro de meu olimpo particular da música (junto com o Coil, vá lá), fosse também obrigado a fazer obras-primas de imagens, e já estou me sentindo desconfortável ao escrever qualquer coisa minimamente desairosa em relação a eles, mas dá uma pontinha de decepção ver seus ídolos fazendo uma coisa tão tosca, mal enquadrada, editada e iluminada como o vídeo da gloriosa "I Want You", que acabei de ver no YouTube.